Robert Prevost é eleito o primeiro papa americano da história e assume nome Leão
- Neriel Lopez
- 8 de mai.
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O cardeal americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8) o novo papa da Igreja Católica, adotando o nome de Leão 14. Ele é o 267º pontífice da história e o primeiro oriundo dos Estados Unidos a assumir o cargo. A eleição foi anunciada após a tradicional fumaça branca subir da chaminé da Capela Sistina, indicando que os 133 cardeais reunidos no conclave chegaram a um consenso. Minutos depois, o cardeal Dominique Mamberti fez o anúncio oficial do “Habemus Papam”, em latim, da sacada da Basílica de São Pedro, e Prevost apareceu para saudar a multidão reunida na praça.
A escolha surpreendeu, já que se esperava o retorno de um papa europeu, especialmente um italiano. O favorito era o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano. Nascido em Chicago, Prevost ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977, fez os votos perpétuos em 1981 e construiu sua carreira com forte atuação missionária no Peru, onde aprendeu espanhol e se aproximou da comunidade latino-americana. Ele é formado em Matemática pela Universidade Villanova, mestre em Teologia pelo Catholic Theological Union e doutor em Direito Canônico pelo Colégio Pontifício de Santo Tomás de Aquino, em Roma.
A eleição de Prevost indica uma possível continuidade com o legado do papa Francisco, que promoveu reformas e buscou aproximar a Igreja dos fiéis. Prevost, considerado progressista em comparação com outros cardeais americanos mais conservadores, foi nomeado cardeal pelo próprio Francisco, o que reforça sua ligação com a agenda reformista do antecessor.
A escolha também lança luz sobre a relação entre o Vaticano e os Estados Unidos, que historicamente ou por momentos de tensão, incluindo atritos entre Francisco e o ex-presidente Donald Trump. Durante o papado anterior, Trump chegou a se desentender publicamente com Francisco e protagonizou polêmicas envolvendo a Igreja Católica, como a publicação de uma imagem gerada por inteligência artificial em que aparecia vestido de papa.
O novo papa assume em um momento desafiador para a Igreja Católica, que enfrenta perda gradual de fiéis e terá de equilibrar as expectativas de continuidade das reformas com demandas internas e externas. Ele liderará 1,4 bilhão de católicos espalhados pelo mundo. A eleição de Leão 14 ocorreu no segundo dia de conclave, seguindo a tendência dos dois conclaves anteriores, em 2005 e 2013. O processo foi encerrado após uma votação na manhã de quinta-feira, que gerou fumaça preta, sinalizando inicialmente que não havia consenso, até o resultado final à tarde.
Cerca de 45 mil pessoas acompanharam o anúncio na Praça São Pedro, em um misto de expectativa, silêncio e celebração ao ver a fumaça branca subir da chaminé. Com a escolha do novo papa, encerra-se oficialmente o período de Sé Vacante, iniciado com a morte de Francisco, há 17 dias. Agora, Leão 14 inicia seu papado em meio a expectativas sobre os rumos da Igreja, diante de um cenário global de desafios religiosos, sociais e políticos.
Robert Francis Prevost, o novo papa, que usará o nome Leão 14
O cardeal americano Robert Prevost, de 69 anos, o novo papa, escolheu o nome Leão 14. O grupo de cardeais reunidos para o conclave na Capela Sistina escolheu nesta quinta-feira o 267º papa da história, que vai suceder Francisco à frente do Vaticano. Era necessário um mínimo de dois terços dos 133 votantes para a escolha do novo líder da Igreja Católica, que tem cerca de 1,4 bilhão de fiéis pelo mundo
O nome do cardeal Robert Prevost, de 69 anos, ganhou força no conclave que teve início nesta quarta-feira (7), para escolher o novo papa. Embora especialistas considerassem pouco provável – por questões geopolíticas – a eleição de um norte-americano para o comando da Igreja Católica, Prevost era visto como o candidato mais viável entre os dez cardeais da mesma nacionalidade, que estão entre os 133 eleitores a compor o conclave.
Seu perfil visto como equilibrado, com reputação por construir pontes entre conservadores e progressistas, pode vir a calhar em um momento em que a igreja se encontra dividida. Ao mesmo tempo, Prevost tem projeção global e ocupa um dos cargos mais influentes da Santa Sé: o de prefeito do Dicastério para os Bispos, que aconselha o papa sobre a nomeação de líderes da igreja, ao qual foi nomeado em 2023 pelo papa Francisco.
Essa visibilidade pode colocá-lo em vantagem em uma disputa na qual poucos eleitores se conhecem, devido ao grande número de novos cardeais, nomeados no último papado.
Do Peru ao Vaticano
Nascido em 1955 em Chicago, nos Estados Unidos, em uma família de origens europeias, Prevost também tem nacionalidade peruana por ter vivido por quase duas décadas no país andino, onde iniciou a carreira como missionário agostiniano e chegou a bispo. Apesar da proximidade do último papa, considerado progressista, ele tem formação em direito canônico pela Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino, o que pode agradar setores da igreja que privilegiam uma abordagem centrada na teologia.
Além de prefeito dos bispos, Francisco também o nomeou presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, voltada ao estudo de questões referentes à vida e ao desenvolvimento da igreja na região. Segundo reportagem do jornal The New York Times, Prevost foi elogiado por ter apoiado imigrantes venezuelanos e visitado comunidades remotas no Peru.
Por outro lado, expressou no ado visões menos acolhedoras do que as do papa Francisco em relação a pessoas LGBTQIA+ e, como bispo em Chiclayo, no Peru, se opôs a um plano do governo local para incluir ensinamentos sobre gênero nas escolas. Foi também criticado por sua condução de casos em que padres foram acusados de abuso sexual. O jornal afirma que não teve sucesso em ar o cardeal sobre as críticas. Prevost comentou sobre a responsabilidade dos bispos na luta contra os abusos na igreja em uma entrevista ao Vatican News, em 2023.
“Não podemos fechar o coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram por abusos. A responsabilidade do bispo é grande e acho que ainda temos que fazer esforços consideráveis ??para responder a esta situação que causa tanta dor na Igreja”, disse.